Como são os (temidos) banheiros na Índia.
Nem yoga, nem meditação, nem Bollywood.
Um dos assuntos que mais gera curiosidade sobre a Índia é como as
pessoas daqui se comportam naquele momento de maior intimidade, quando
ficam sozinhas e fazem aquilo que ninguém mais pode fazer por elas. Pode
ser escatológico, mas não são poucas pessoas que esbarram no medo de um
choque cultural justo naquele momento de atender ao chamado da
natureza.
É fácil entender o porquê.
As informações que chegam ao ocidente podem assustar qualquer criança
criada com Bom Ar. Dizem que por aqui o vaso é um buraco no chão, que
eles não usam papel higiênico e que só comem com a mão direita porque a
esquerda é usada para limpar a obra.
E os banheiros na Índia? Como são?
Bom,
se você está programando uma viagem para a Índia (e para o sudeste
asiático em geral), saiba que isso tudo é verdade. E tem mais: por aqui,
a preferência nacional é se aliviar ao ar livre. De acordo com uma
pesquisa da Unicef, seis de cada dez pessoas, ou 58% da população
indiana, acham que ver o céu e ouvir o som dos pássaros é algo muito
interessante para se fazer no momento em que eles arriam as calças.
Tanto que esses mais de 600 milhões de pessoas não têm sanitário em
casa. Esse número é maior do que o número de pessoas que não têm
telefone celular. Com tanta gente assim, você pode imaginar a quantidade
de material que é depositado em vias públicas a cada dia.
Essa cultura vem de muito tempo e é difícil de mudar, mesmo com os
esforços do governo indiano, que gasta cerca de $438 milhões por ano em
construções de banheiros públicos. Talvez por isso essa seja uma grande
preocupação dos turistas desde os tempos coloniais, vide o caso da
inglesa que planejou vir passar algum tempo na colônia e escreveu ao
proprietário da pousada perguntando se o lugar tinha WC. Pode ser pelo
fato de que as latrinas eram ainda mais incomuns nessa época, mas ele
achou que ela estivesse se referindo a uma Wayside Church (capela). A
resposta do senhor foi a seguinte:
“Prezada senhora: tenho extremo prazer em informar-lhe que o WC fica a
nove milhas (quase 15 quilômetros) da casa, no meio de um bosque de
pinheiros, rodeado por belos jardins. Como se espera que cheguem muitas
pessoas nos meses de verão, sugiro que venha logo. Esta é uma situação
infeliz, especialmente se a senhora tem o hábito de ir regularmente”,
continuou. “Recomendo que planeje uma quinta-feira, quando há
acompanhamento de órgão. A acústica é excelente e inclusive os sons mais
delicados podem ser ouvidos em todas as partes. A mais nova
incorporação é um sino que toca cada vez que alguém entra. Desejo
acompanhá-la pessoalmente até o local e fazê-la sentar-se em um lugar
onde todos possam vê-la. Atenciosamente, O Professor”
Algo me diz que essa senhora nunca pisou
em solo indiano, mas antes que você também saia correndo para cancelar
sua passagem, eu preciso dizer: Não entre em pânico!
Certamente
não vão faltar banheiros nos lugares por onde você vai passar. E sim,
muitas vezes as privadas vão ser no chão, principalmente em alguns
hotéis mais baratos e em rodoviárias, mas você se acostuma com elas. O
papel higiênico realmente não entra na lista de compras das famílias
indianas, mas isso não significa que seja impossível de encontrar. Eles
são vendidos em muitos quiosques e mercearias nas maiores cidades e
principalmente naquelas em que há uma grande presença de turistas.
Sempre tenha um rolo com você. Essa é a primeira regra do mochileiro na
Índia.
É claro que você vai se
deparar com muitas pessoas arriando as calças nos cantinhos e esquinas,
mas com isso, meu amigo, você vai ter que se acostumar. Afinal, lidar
com a sujeira e com situações que parecem estranhas e absurdas para quem
está acostumado a usar Neve folha dupla decorado e com cheiro de
pêssego faz parte da experiência na Índia.
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